O que ver e fazer no bairro de Belém em Lisboa
Passeie pelo bairro marítimo da capital portuguesa, uma pequena joia que cativa milhares de viajantes.
O bairro de Belém situa-se na foz do rio Tejo e é famoso pelo Mosteiro dos Jerónimos e pela Torre de Belém, dois exemplos do estilo manuelino. Esta tendência artística é muito típica de Portugal e irá surpreendê-lo com a sua decoração extravagante.
Faça uma visita guiada
Qualquer viagem a Lisboa tem de passar obrigatoriamente por Belém. Esta zona está intimamente ligada à história colonial de Portugal; a partir destas margens, as caravelas partiam da Europa para chegar às costas do Brasil ou às possessões ultramarinas na Índia.
Ao optar por uma visita guiada, poderá descobrir este bairro com um guia especializado que o levará a conhecer os principais destinos do bairro: o Mosteiro dos Jerónimos, o Padrão dos Descobrimentos e a Torre de Belém. Estes passeios duram normalmente duas horas e começam na Praça do Império (em frente ao Museu da Marina) ou na Doca de Bom Sucesso, as docas junto ao rio. A desvantagem deste passeio é que as entradas nos museus/igrejas não estão incluídas.
Visite a obra-prima da arquitetura manuelina
O Mosteiro dos Jerónimos é um majestoso edifício religioso com vista para a Praça do Império. A sua história está ligada às explorações marítimas e à figura de Vasco da Gama. Em 1497, o navegador português partiu do porto de Santa Maria de Belém, contornou a costa ocidental de África, contornou o Cabo da Boa Esperança e chegou a Calecute (Índia) a 20 de maio de 1498. Um ano mais tarde, dois barcos regressaram a Portugal carregados de especiarias. Para celebrar esta nova rota comercial, D. Manuel I decidiu construir uma grande igreja e encarregou o arquiteto Diogo de Boitaca de a projetar.
A primeira paragem é a Igreja de Santa Maria de Belém, um templo gótico com grandes colunas e os túmulos de quatro monarcas portugueses, Luís de Camões e Vasco da Gama. Outro ambiente a não perder é o claustro de dois andares de estilo manuelino. Ambos os pisos estão ricamente decorados com gárgulas, símbolos náuticos, medalhões, azulejos e muito mais. De outubro a abril, está aberto das 10:00 às 17:00, enquanto de maio a setembro encerra às 18:30.
Quando se encontrar na igreja do mosteiro, levante os olhos para a abóbada do transepto. Esta extraordinária cúpula caracteriza-se por uma estrutura em forma de teia de aranha mas, apesar da sua altura e dimensão, não é suportada por colunas!
Descobrir o símbolo da cidade
A Torre de Belém situa-se num local emblemático de Lisboa: na antiga praia do Restelo, de onde partiam as naus para o Brasil, África e outras colónias ultramarinas. A sua construção iniciou-se no reinado de D. Manuel I e foi projectada por Francisco de Arruda. O arquiteto desenhou o baluarte de Azamor, uma cidade na costa atlântica de Marrocos, e a sua estadia no país magrebino reflecte-se na decoração da torre, que se destaca pelos elementos de estilo árabe.
A Torre de Belém está aberta de terça-feira a domingo, das 10:00 às 17:30 (entre outubro e abril) ou das 10:00 às 18:30 (entre maio e setembro).
Antes de entrar, pare um minuto para ver a gárgula do rinoceronte, uma escultura que retrata o rinoceronte. A estátua esconde uma história única que está ligada às explorações marítimas do século XVI. Em 1513, o almirante Afonso de Albuquerque regressou da Índia com um rinoceronte e ofereceu-o a D. Manuel I: era a primeira vez que este animal pisava solo europeu. Na corte real, perguntou-se se seria tão forte como um elefante e, para o descobrir, o monarca mandou-os enfrentar em combate mortal. Segundo a lenda, o rinoceronte venceu e o rei quis prestar homenagem ao "animal mais forte do mundo".
Admire o monumento que homenageia os navegadores portugueses
A poucos metros da Torre de Belém ergue-se uma torre que faz lembrar uma caravela: o Padrão dos Descobrimentos. O monumento comemora os 500 anos da morte do Infante D. Henrique, figura incontornável da história portuguesa.
No lado oposto da proa, uma grande cruz completa o monumento e na sua base encontra-se um portal. Por detrás deste limiar, encontra-se um pequeno museu que ilustra as rotas dos navegadores portugueses. Daqui pode subir ao miradouro que oferece uma esplêndida vista sobre a ponte desportiva, o rio Tejo, a ponte 25 de abril e o Mosteiro dos Jerónimos. Se gosta de locais com vistas panorâmicas, escolheu a cidade certa. Lisboa é também famosa pelos seus miradouros e os mais apreciados encontram-se no bairro vizinho de Alfama.
De outubro a fevereiro, o Padrão dos Descobrimentos está fechado às segundas-feiras, enquanto nos outros dias está aberto das 10:00 às 18:00. De março a setembro, está aberto diariamente das 10:00 às 19:00.
Admire a cidade a partir do Tejo
Para ver a torre, o Mosteiro dos Jerónimos e o Padrão dos Descobrimentos de uma perspetiva diferente, pode optar por um cruzeiro no rio Tejo. As excursões partem do porto de Belém ou de outros bairros centrais de Lisboa. Uma boa opção pode ser um passeio de barco ao pôr do sol. Desta forma, pode ver os principais monumentos da capital portuguesa enquanto navega ao longo do rio.
Os barcos costumam chegar à Praça do Comércio passando por baixo de um dos ícones da cidade: a Ponte 25 de abril, a mais longa ponte suspensa da Europa. Inaugurada em 1966 como Ponte Salazar, mudou de nome após a Revolução dos Cravos de 1974. A sua forma e cor vermelha tornam-na semelhante à Ponte Golden Gate em São Francisco.
Se viajar para Lisboa no verão, recomendo que reserve as visitas guiadas com antecedência. Nos meses mais quentes, estes passeios são muito concorridos.
Reviver o passado no Museu dos Coches
Até ao século XIX, as longas avenidas e as encostas íngremes de Lisboa eram percorridas por uma multidão de carruagens. A realeza deslocava-se em carruagens luxuosamente decoradas e muitas delas deixaram as ruas para serem alojadas no Museu Nacional dos Coches.
O museu está dividido em duas partes: alguns veículos repousam no Picadeiro Real (antiga arena equestre da realeza lusitana), outros numa estrutura moderna projectada pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha. Ambos os edifícios estão situados na Praça Afonso de Albuquerque.
Se vier do centro de Lisboa, pode apanhar o elétrico 15 até à paragem de Belém. A viagem demora cerca de 20 minutos. Se for um entusiasta dos transportes, recomendo uma visita ao Museu da Carris, uma instituição cultural que alberga autocarros de dois andares, carruagens de metro, carruagens puxadas por cavalos, eléctricos e muito mais. A partir da Praça Afonso de Albuquerque, apanhe o elétrico 15 (desta vez na direção oposta) e saia na paragem Estação de Santo Amaro.
Fazer uma paragem na Casa Pastéis de Belém.
Em Lisboa, os pastéis de Belém são uma instituição e é nesta zona da cidade que se encontra a pastelaria que utiliza a receita original do século XIX. Falamos, naturalmente, da Casa Pastéis de Belém, situada na Rua de Belém 84. Reconhece-se pelos azulejos da fachada e pela fila que se forma frequentemente à entrada. As panquecas que saem todos os dias deste sítio são um deleite para o paladar e valem a pena esperar. Para além dos pastéis, pode também comprar um Bolo Inglês, sortidos de doces e salgados e compotas.
Durante a época natalícia, a oferta é complementada com o bolo-rey e o bolo-rainha, duas versões portuguesas do roscón de reyes. Se vai viajar nesta altura do ano, recomendo a leitura do post 10 coisas para ver e fazer em Lisboa em dezembro.
Mergulhar na arte moderna e contemporânea
A uma curta distância do Mosteiro dos Jerónimos fica o Museu Coleção Berardo, agora convertido em Museu de Arte Contemporânea, uma instituição cultural que reúne mais de 900 obras das principais correntes artísticas dos séculos XIX e XX.
Entre as criações mais relevantes, destacam-se "Femme dans un fauteuil" e "Tête de femme" de Picasso, "Brillo Box" de Andy Warhol (cubos de madeira que recriam recipientes de esponja) e "Édipo e a Esfinge segundo Ingres" de Francis Bacon. O museu ganhou um Tripadvisor Traveller's choice em 2021 e vale definitivamente a pena uma visita. Está localizado na Praça do Império e a entrada geral custa cerca de 5 euros.
Dica do Mateo
Se gosta de arte contemporânea e visita a capital portuguesa ao fim de semana, está com sorte - a entrada é gratuita aos sábados!
Vem conhecer o recém-chegado ao bairro: o MAAT.
A zona ribeirinha alberga uma instituição cultural de grande interesse: o MAAT, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia de Lisboa. Está situado junto à antiga central eléctrica da cidade e a sua forma simula uma onda no Tejo. Inaugurado em outubro de 2016, acolhe exposições de artistas, arquitectos e pensadores contemporâneos. É também utilizado para alguns concertos e projecções de filmes.
Arquitetonicamente, este edifício é caracterizado por 15.000 azulejos tridimensionais que reflectem os reflexos da água e pelo seu ponto de vista público sobre a outra margem do Tejo. Os dois edifícios que o compõem (Central - Museu da Eletricidade e MAAT) estão abertos das 11:00 às 19:00, de quarta a segunda-feira.
Para completar a sua visita, pode tomar uma bebida no maat Café & Kitchen, um restaurante que oferece uma cozinha de assinatura de estilo mediterrânico. A sua especialidade é o peixe e o marisco da costa portuguesa.
Entrar pela porta de um estádio emblemático
Fã de futebol? Então vai gostar de saber que no bairro de Belém se encontra o estádio de Os Belenenses, a terceira maior equipa de Lisboa e a quarta maior equipa nacional em número de adeptos. O Estádio do Restelo é a sua casa desde 23 de setembro de 1956, quando os locais venceram por 2-1 o mais poderoso Sporting. O estádio tem capacidade para 19 856 espectadores e tem uma bela vista sobre o Mosteiro dos Jerónimos e o rio. Se lhe apetecer, pode visitá-lo com uma visita guiada. Se estiveres interessado, recomendo-te que consultes o seu site oficial.