O que ver e fazer em Marselha em 4 dias
Marselha é uma cidade com uma longa história, multicultural e animada. Tem muito para oferecer e em quatro dias pode tirar o máximo partido dela.
Marselha é muito mais do que a segunda cidade de França. É história, arte e gastronomia. Quatro dias na cidade permitir-lhe-ão passear tranquilamente pelo Porto Velho, perder-se em bairros únicos como Le Panier ou admirar paisagens de cortar a respiração como as Calanques.
Mas também terá tempo para visitar os seus interessantes museus, provar a sua deliciosa gastronomia e desfrutar da sua animada vida nocturna. Há uma infinidade de coisas para ver e fazer em Marselha. Aqui fica a minha sugestão para que não perca nenhuma das suas atracções.
Dia 1: O Porto Velho de Marselha, Le Canebière e a Ilha de If
O primeiro dia em Marselha deve ser dedicado ao Porto Velho e seus arredores. Este é o verdadeiro coração da cidade.
Um coração milenar, mas de excelente saúde, pois continua a ser um centro de comunicações fundamental no Mediterrâneo. A melhor maneira de o descobrir? Com uma das visitas guiadas de Marselha.
Forte Saint-Jean
A excursão deste primeiro dia começa numa das extremidades do Porto Velho. O Forte Saint-Jean foi o primeiro guarda e protetor da entrada da cidade pelo mar. Um magnífico forte cujas origens remontam ao século XII, embora pouco reste dessa época.
Mas se recomendo começar a visita por este forte não é apenas pela sua idade, mas também porque foi protagonista e testemunha de grandes acontecimentos. Foi um recinto defensivo, uma prisão durante a Revolução Francesa e um armazém de pólvora durante a Segunda Guerra Mundial. Conhecer a sua história é também conhecer a história da cidade.
O Porto Velho
Antes de iniciar a visita ao Porto Velho de Marselha, uma pequena paragem para admirar a igreja de Saint Laurent. Ela data do mesmo período que o forte de Saint Jean e é a única igreja medieval ainda de pé na cidade.
A partir daí, basta caminhar ao longo da avenida que circunda o porto. De um lado, verá pequenos barcos de pesca e barcos à vela. Do outro, encontram-se construções como a antiga Câmara Municipal, um edifício do século XVII. Mas o que é realmente mágico é a atmosfera sempre animada.
Um pequeno truque se quiser atravessar de uma margem para a outra: não precisa de dar a volta ao porto, há pequenos ferries que o atravessam de poucos em poucos minutos e que lhe poupam muitas caminhadas. Este é um dos passeios de barco mais curtos de Marselha, mas também um dos mais singulares.
O Canebière
Bem no meio do porto, nasce a principal artéria de Marselha. Le Canebière é uma avenida ladeada de edifícios elegantes. Foi construída no século XVII e nela se podem admirar alguns dos mais belos edifícios de Marselha, como o Grand Théâtre, a Ópera ou o Hôtel Louvre et Paix. Repare na fachada deste último, é verdadeiramente espetacular.
A propósito, se é fã de compras, esta é uma das artérias comerciais de Marselha. E se tiver fome a esta hora do dia, encontrará muitos restaurantes onde poderá provar algumas iguarias típicas.
A melhor maneira de apreciar a gastronomia tradicional é fazer um dos passeios culinários de Marselha. Mas se quiser experimentar por sua conta, recomendo a bouillabaisse, que é uma sopa de peixe; o poupeton, um soufflé de peixe; ou o aioli, feito com bacalhau e legumes.
Ilha e Château d'If
Para a próxima visita, volte ao porto e embarque num barco que o levará à ilha de If. Fica mesmo à saída do porto e de certeza que já ouviu falar dela. Aqui, encontra-se um castelo que foi outrora uma prisão aterradora. Se já leu O Conde de Monte Cristo, de Alexandre Dumas, pode ficar com uma ideia de como era a vida dos prisioneiros.
Uma curiosidade: os prisioneiros da classe baixa eram mantidos em celas no rés do chão que não tinham luz. Mas, a dois passos dali, os prisioneiros da nobreza gozavam de celas com janelas e lareiras. Aliás, se olhar com atenção, as inscrições feitas pelos prisioneiros ainda se conservam em alguns sítios.
Teatro Nacional de Marselha e Abadia de Saint-Victor
De volta ao Porto Velho, ainda há lugares para descobrir. Continuando pela avenida que o rodeia, passa-se pelo Museu do Sabão. Este museu está instalado numa fábrica de sabão histórica. No seu interior, poderá aprender como se faz o sabão e ver uma coleção única de sabonetes.
Um pouco mais à frente, verá o edifício que albergava o mercado grossista de peixe. Atualmente, a sua fachada de ferro e vidro esconde o Teatro Nacional de Marselha, mais conhecido como La Criée (o leilão).
Não é preciso andar muito para chegar à Abadia de Saint-Victor. É um dos monumentos mais antigos de Marselha. É inconfundível devido às suas grossas paredes e muralhas, que lhe dão o aspeto de um castelo. Diz-se que os mártires da cidade, incluindo São Victor, estão enterrados aqui.
Forte de São Nicolau
A visita deste primeiro dia em Marselha termina no lado oposto do porto onde começou. Situado em frente ao forte de Saint-Jean, tinha também um carácter defensivo, mas contra os próprios marselheses em tempos de revolta. As vistas do porto são maravilhosas.
Depois, nada como relaxar e jantar no próprio porto. Existem vários estabelecimentos, como Le Bouchon Provençal, onde se pode provar a comida tradicional local, ou Une Table au Sud, com um menu mais inovador. Mas se preferir, há também bistrôs e tabernas tradicionais onde pode jantar com luxo.
Dia 2: Le Panier e Palais Longchamp
No segundo dia da sua visita a Marselha, o porto continua a ser a principal atração, pois ainda há muito para ver nos arredores. No entanto, o dia terminará um pouco longe dele.
Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo
A nossa recomendação para o início do dia é regressar ao Forte Saint-Jean, mas para visitar o Museu das Civilizações da Europa e do Mediterrâneo, o MuCEM. É um espaço pedagógico muito interessante, o que faz dele uma das melhores coisas para fazer em Marselha com crianças.
O museu foi construído para marcar a Capital Europeia da Cultura da cidade em 2013. Alberga uma fabulosa coleção arqueológica e acolhe interessantes exposições, encontros e eventos culturais. É, portanto, um dos melhores museus de Marselha. A propósito, não perca o seu terraço, as vistas da cidade são espectaculares.
Catedral de Marselha
A sua silhueta fabulosa destaca-se como um farol na parte baixa de Marselha. Conhecida como La Major, é inconfundível pela sua arquitetura neo-bizantina, que nada tem a ver com a de outras catedrais francesas. Do lado de fora, as suas cúpulas, o mármore de Carrara e a pedra verde florentina em faixas horizontais são certamente impressionantes.
Mas o meu conselho é que não se deixe levar por essa imagem e entre na igreja. A altura da sua nave central é de cortar a respiração. E há muitos tesouros para descobrir. Veja o altar-mor em mármore e os mosaicos, são espectaculares. Antes de partir, uma curiosidade: foi o próprio Napoleão que colocou a primeira pedra da catedral.
Le Panier e a Vieille Charité
Logo atrás da catedral e do porto, há um labirinto de ruas estreitas e escadas ladeadas por antigos edifícios de estilo provençal. É o Le Panier, o antigo bairro dos pescadores, um espaço que se degradou há alguns anos e que é hoje um dos locais mais pitorescos e multiculturais de Marselha.
O meu conselho é que o percorra ao seu ritmo, porque vai ficar surpreendido. É um bairro animado com um toque hipster. Aqui descobrirá uma infinidade de lojas de artesanato, galerias de arte, graffitis curiosos e inúmeros bares e restaurantes onde poderá recarregar baterias e provar a cozinha não só de Marselha mas de todo o mundo.
E no seu interior encontrará um dos monumentos imperdíveis de Marselha: a Vieille Charité. Durante séculos, este edifício do século XVI ofereceu ajuda aos mais necessitados. Atualmente, é um espaço multicultural que alberga dois museus e que recomendo que visite se tiver tempo.
Palácio e jardins de Longchamp
Para terminar o dia, recomendo que se afastem um pouco mais do porto. O Palais de Longchamp é um belo edifício de meio arco com um ar barroco. A sua colunata, a fonte que dela se ergue e a sua cascata formam uma das mais belas imagens de Marselha.
O palácio alberga dois museus: o Museu de Belas Artes e o Museu de História Natural. Pode visitá-los, são muito interessantes. Ou pode passear pelos jardins atrás do palácio, que são um verdadeiro oásis.
O Palácio Longchamp tem uma história curiosa. O motivo da sua construção foi a celebração do fim da construção do canal de Durance, que levava água potável ao coração da cidade. Daí a magnífica fonte que o decora.
Dia 3: Notre-Dame de La Garde e a Corniche
No terceiro dia em Marselha, pode ir um pouco mais longe do centro para descobrir alguns pontos turísticos verdadeiramente fascinantes, muitos deles com vista para o Mediterrâneo. Para começar o dia, pode apanhar um dos autocarros turísticos de Marselha e chegar ao pé do que será o ponto de partida da sua visita.
Notre-Dame de La Garde
Se quiser desfrutar da melhor vista de Marselha, deve subir à basílica de Notre-Dame de La Garde. A partir da sua esplanada, verá a cidade e toda a baía. Não é por acaso que foi construída no ponto mais alto de Marselha, a quase 150 metros acima do nível do mar.
É uma basílica elegante e esguia, de arquitetura neo-bizantina, ao estilo da catedral da cidade. Foi construída no século XIX, embora as suas origens sejam ainda mais antigas, uma vez que se situa no local de uma capela medieval. E reparem na estátua de bronze da Virgem que a coroa, com nada menos do que nove metros de altura.
Agora um conselho: se puderem, voltem ao pôr do sol. Poderá assistir a dois espectáculos fantásticos. Por um lado, um dos mais belos pores-do-sol sobre o Mediterrâneo. Por outro, verá como o branco e o verde da fachada mudam de cor e como a escultura da Virgem brilha como um farol.
A Corniche
Depois de ver a vista panorâmica da basílica, é preciso descer ao nível do mar. A Corniche é um belo passeio panorâmico que se estende por cinco quilómetros paralelos à costa. Acha que vai ser cansativo? Não se preocupe, aqui está o maior banco do mundo, com nada menos do que três quilómetros de comprimento.
A Corniche vale um passeio em qualquer altura do ano, mas é uma das melhores coisas para fazer em Marselha no verão. A razão? Pode aproveitar para dar um mergulho numa das suas praias.
É precisamente numa destas praias, Les Catalans, que se encontra o Museu Subaquático de Marselha. Se gosta de mergulhar nas profundezas e está à procura de coisas para fazer em agosto em Marselha, inclua-o nos seus planos. As dez esculturas escondidas a cinco metros de profundidade são espectaculares.
E um pequeno conselho: não perca o Vallon des Auffes. É um pequeno porto de pesca que ainda conserva o seu ar tradicional, com pequenos barcos atracados e casas de pescadores pintadas com cores vivas. É um dos locais mais encantadores de Marselha.
Palácio do Farol
Para terminar o dia, o melhor a fazer é regressar ao coração da cidade e admirar a vista panorâmica do Palais du Faro. Verá o Porto Velho, os fortes de Saint-Jean e Saint-Nicolas, a catedral e a costa norte de Marselha.
Este é, sem dúvida, um dos melhores postais que pode levar consigo de Marselha. E se ainda tiveres energia, aproveita a noite, o porto é um dos locais mais animados da cidade. Encontrará muitos bares e discotecas no Quai Rive Neuve e na Place aux Huiles.
Dia 4: Excursões a partir de Marselha
Se ficar em Marselha durante quatro dias, pode deixar o último dia para uma das excursões na Provença a partir de Marselha. Valem a pena porque vai descobrir lugares cheios de encanto.
As Calanques
O Parque Nacional das Calanques é um dos tesouros naturais mais singulares do sul de França e fica muito perto de Marselha. É uma faixa de 20 quilómetros de costa onde se escondem belas enseadas entre enormes paredes rochosas.
Alguns dos melhores passeios de bicicleta em Marselha têm lugar aqui. Mas também é possível explorá-la a pé ou mesmo a partir do mar, num passeio de barco.
Cassis e Aix-en-Provence
Pode visitá-las no mesmo dia com uma visita guiada, mas também pode visitá-las separadamente. A verdade é que cada um destes lugares é especial. Cassis pelo seu sabor marítimo, o seu porto encantador e as suas praias onde se pode passar algumas horas a relaxar nos meses mais quentes.
Cassis é uma pequena cidade encantadora. Apaixonar-se-á pelas suas praças, os seus palácios, as suas fontes e os seus mercados. Todo o encanto da Provença se conjuga aqui, porque à volta da cidade verá campos de lavanda e vinhas.
A propósito, esta Aix-en-Provence, para além de ser a capital histórica da Provença, é também a cidade onde nasceu Paul Cezànne. Se gosta de arte, descobrirá a sua marca em inúmeros recantos.
Avinhão
A cidade papal não fica longe de Marselha. Aqui pode visitar o maior palácio gótico da Europa, a ponte inacabada que inspirou uma famosa canção infantil e outros tesouros arquitectónicos como a catedral e as muralhas.
A ligação ferroviária entre Marselha e Avignon é muito boa e pode visitar a cidade por conta própria, mas eu recomendo uma visita guiada. Porquê? Porque não só descobrirá esta bela cidade, como as visitas incluem normalmente uma paragem em Chatenauneuf du Pape, onde poderá mergulhar na tradição vinícola da região.
Luberon
O Parque Natural do Luberon é um espaço natural de grande valor. É também o lar de algumas das mais belas aldeias de França. Aldeias empoleiradas em promontórios rochosos e com vistas espectaculares. Um passeio por estas aldeias dar-lhe-á a conhecer a verdadeira essência provençal.
As visitas guiadas param normalmente em três destas aldeias encantadoras: Gordes, Loumarin e Roussillon. Aqui, esperam-no mercados maravilhosos, onde pode comprar alguns produtos típicos da Provença para levar para casa.
Outras excursões a partir de Marselha
A lista de sítios a visitar a partir de Marselha é enorme. Tudo depende dos seus gostos particulares. Uma das melhores coisas a fazer em junho em Marselha é visitar os campos de lavanda. Estão em flor até meados de julho.
E se gosta de arte e história, recomendo uma visita a Arles, onde pode admirar um magnífico anfiteatro romano. Vincent van Gogh viveu em Arles e Saint-Remy e pode apreciar as paisagens e os locais que o inspiraram.